PULE O ANÚNCIO
Um resumão pra você que não tem tempo.
Filó Machado para além do jingle “Dolly, Dolly Guaraná, Dolly”.
#OuvidosAtentos: dadá Joãozinho, Itamar Assumpção e Doja Cat.
VAMOS AOS REFRESCOS
Olá, povo que assinou, gostou e continua interessado nessa minha newsletter ainda estreante.
Pra caso alguém aí seja novo no pedaço, vale lembrar: esse é um espaço onde compartilho um pouco das minhas pesquisas, brisas e conhecimentos sobre uma mistura que sempre gruda na nossa cabeça: publicidade e música.
Já deu pra sentir o gostinho, né? Minha primeira publicação foi naquela função da apresentação, se quiser voltar uma casa e ler o link é esse aqui: Entre Jobs & Discos #01.
Recentemente decidi pesquisar sobre uma das minhas campanhas favoritas de todos os tempos: os comerciais da Dolly. Agora, quero compartilhar os resultados dessa busca por aqui.
MEMÓRIA GUSTATIVA
Minha primeira lembrança com o Dolly vem da infância. O refrigerante, que diz na propaganda ter o “sabor brasileiro”, faz parte da minha vidinha desde cedo. Ele costumava aparecer com frequência lá em casa, nas festinhas da escola (geralmente no sabor uva, meu pavor) e aniversários mil. Se você também cresceu na periferia de São Paulo durante os anos 90/2000 entende o que eu digo.
Além do gostinho tão peculiar, presente em todos os sabores que já provei, a Dolly tem uma outra característica, essa eu diria que é mais saborosa e igualmente marcante: os comerciais.
Tão marcante, mas tão marcante, que eles praticamente só precisaram criar algumas versões.
Aqui o jingle base:
Esse é o clássico dos clássicos. Em sua primeira versão, esse comercial aí de cima dizia que o Dolly tinha “sabor surpreendente”, a mudança sutil no copy para “sabor brasileiro” foi um grande acerto para ajudar a eternizar o jingle. Nenhum produto conseguiria surpreender por mais de 30 anos, né?
DIVERSIFICANDO A LINHA
Sempre próxima do consumidor, a Dolly desenvolveu uma série de comerciais temáticos para acompanhar as principais efemérides do ano. Inspirada pelos Teletubbies, a marca apresentou seu carismático e amigável mascote: o Dollynho.
Assim, o refrigerante pode ser lembrado também no Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Páscoa e Natal. Incluindo na lista o comercial do delicioso Dolly Citrus (que ganhou uma divertida versão karaokê), esses são os poucos comerciais que fogem à regra da marca.
Mesmo assim, em alguns deles, a música base da marca costuma aparecer, nem que seja apenas como assinatura no começo e/ou fim.
ISSO É JAZZ NA SUA TELINHA
Por trás da estratégia genial, que é manter no ar a mesma propaganda, divulgando o mesmo produto, com a mesma música e o mesmo mascote durante tanto tempo, existe a figura do também genial Filó Machado.
Instrumentista dos bons, ele lançou em 1978 o seu primeiro disco, "Viver e Sonhar", na época o destaque ficou com as faixas "O Polvo" e "Velha Cidade", sendo que essa última virou trilha da novela "Como salvar meu Casamento", da extinta TV Tupi.
Outro clássico da música brasileira não iria demorar a sair das mãos de Filó. Em 1983, ele divulgou o álbum "Origens" compilando participações especiais de Djavan, Léa Freire e o grupo Placa Luminosa.
TRILHA SONORA QUE RESISTE AO TEMPO
Quis o destino que, apesar da vasta discografia e das inúmeras parcerias e apresentações com outros grandes nomes, além dos já citados dá pra incluir Aldir Blanc, Alf Sá, Hermeto Paschoal, Gal Costa e Jorge Vercillo, que o maior sucesso comercial de Filó Machado fosse um jingle.
Jogada magistral do compositor com a Dolly, que conseguiu unir a essência da música brasileira em seu tema. Mais do que um jingle passageiro, o refrão “Dolly, Dolly guaraná, Dolly” virou uma trilha sonora que resistiu e segue resistindo ao teste do tempo.
OUVIDOS ATENTOS
Amigos queridos e leitores assíduos sentiram falta e pediram mais indicações musicais. Mal sabiam eles que essa revista eletrônica da música e da publicidade ganharia um espaço para informes daquilo que ando ouvindo.
Ouvidos atentos? Então segura essa!
dada Joãozinho: esse eu já fiz propaganda de porta em porta (aka assessoria de imprensa) no lançamento do single “AMARELO SELEçÃO” (2020 / PRIMATA). dadá acaba de divulgar o ótimo “tds bem global”. Se você, assim como eu e ele, ama Itamar Assumpção, Arnaldo Antunes e Marisa Monte, vai gostar dessa brisa intensa, gostosa e global.
Por falar em Itamar: voltei a devorar os discos dele esse ano. O vício da vez é o ao vivo “Às Próprias Custas S/A”. Nunca ouviu? Recomendo, mas tem que ser de cabo a rabo.
Doja Cat: ela largou a mão do pop farofa e segurou com todas as forças no braço da cultura hip-hop. É outubro e ela vem toda trabalhada na estética do horror, mas não precisa ter medo do disco “Scarlet”. Corre pra ouvir, tem hits delícias pra ficar o dia inteiro cantando pela casa, tipo “Paint The Town Red”.